segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cabra Sabática



Este desenho da Cabra Sabática (que Eliphas Lévi identificou como o Baphomet, ídolo supostamente adorado pelos Cavaleiros Templários ) pode ser interpretato em três níveis. No primeiro deles poderá ser visto como o Diabo tradicional, judaico-cristão, criatura ligeiramente cômica e, ao mesmo tempo, horripilante. Num segundo nível representará, talvez, a sexualidade masculina, da qual Lévi só falava mediante alusões. No terceiro, o próprio Lévi escreveu que " todos os iniciados nas ciências ocultas... adorarão sempre o que representa este símbolo". Trata-se de uma representação da Luz Astral, o meio imponderável cuja existência permite explicar muitos fenômenos ocultos. ( A Cabra Sabática, gravura de Eliphas Lévi, Magia Transcendental, edição de 1896)
ÉLIPHAS LÉVI - Parte IV
Muitas das " pesquisas históricas" encontradas na obra de Éliphas Lévi são bastante discutíveis, contudo, boa parte de suas teorias sobre o "modus operandi" da Magia conta até hoje com muitos admiradores fieis.
No passado chegaram mesmo a inspirar (e mui seriamente), outros ocultistas famosos, desde o controvertido Aleister Croley à enigmática Madame Blavatski. Aliás, Blavatski que em seus livros, geralmente, "desancava" sem dó os colegas ocultistas, ao se reportar a Lévi (o que acontece seguidamente) suas referências, em geral, são elogiosas e, se por acaso, discorda dele em algum ponto, fato raro, ela o faz de forma bastante delicada e sutil...
De acordo com Lévi, três dogmas fundamentais da Alta Magia, por si só, explicam todos os fenômenos da existência. Aliás, Lévi deixa bem claro seu conceito de sobrenatural. "O sobrenatural, se acontecer será algo gravíssimo e realmente demoníaco" pois seria como "subverter" a Natureza, já que a verdadeira Magia é pró Natura, portanto inteiramente "natural...
O primeiro é o dogma da correspondência, uma idéia já presente na Antiguidade: "Assim como é em cima, assim é embaixo". De acordo com essa visão, o Homem é microcosmo, um pequeno universo que reflete, em miniatura, o macrocosmo, ou o grande Universo do qual todos fazemos parte. Cada fenômeno do universo tem seu reflexo correspondente na alma e, com práticas ocultistas, o mago pode transformar o mundo exterior por meio de intervenções no pequeno mundo interior. Poder , até pode... mas isso exige um treinamento e tanto...
O elo de ligação entre estas duas esferas, a grande e a pequena, seria a luz astral, substância invisível, assim chamada por falta de nome mais específico, que é onipresente e cuja existência fundamenta o segundo dogma de Lévi. A Luz Astral relaciona-se intimamente com a matéria, pois cada objeto físico possuiria um "duplo astral", de certa forma, ligado ao seu seu correlato material. Lévi acreditava (assim como várias outras vertentes do ocultismo) que seria o mundo material a refletir o Astral, e não o contrário. E seria por conta disso, que a manipulação da Luz Astral, permitiria ao magista influenciar tanto o universo físico, como até mesmo interferir na vida pessoal (ou nas percepções) de seus semelhantes.
Tal controle poderia ser alcançado, por qualquer indivíduo, mediante treinamento intensivo da imaginação e da vontade. Este é o terceiro dogma fundamental de Lévi, que afirma que:" a vontade e a imaginação constituem forças naturais poderosíssimas que adequadamente compreendidas e utilizadas, literalmente "moveriam montanhas..."
Infelizmente, as teorias de Levi não fizeram grande sucesso durante sua vida. Seus livros vendiam pouco, fato que o obrigava a dar aulas de ocultismo para sobreviver. Além disso, também enfrentou o descrédito de grande parte dos contemporâneos, que o consideravam além de charlatão, uma criatura amalucada. Pior que isso: consideravam-no exibicionista e sensacionalista. Ainda assim, mesmo em vida teve discípulos fieis. Não muitos, mas os teve...

Eliphas Lévi em seu leito de morte
Sempre que leio o Eliphas Lévi, não deixo de sentir uma certa pena. Ele viveu em pleno Romantismo, o qual muitas vezes "empurrou-o" em direção a determinadas atitudes que, talvez, nem mesmo fossem do seu inteiro agrado. Suas dificuldades financeiras, certamente, também contribuiram para algumas destas situações.
Entretanto, acreditando ou não em seus escritos, jamais deixei de crer em seu idealismo.
Por outro lado, charlatão ou não, Lévi foi uma pessoa singular e isso já não é pouca coisa...
Éliphas levava uma vida bastante simples. Suas regras eram: "grande calma de espírito, asseio corporal, temperatura sempre igual, de preferência um pouco mais fria do que quente, uma habitação arejada e bem seca, onde nada lembre as necessidades grosseiras da vida, refeições regulares e proporcionais ao apetite, que deverá ficar satisfeito e não excitado. Deixar o trabalho antes do cansaço, praticar exercícios moderados e regulados ejamais aquecer-se ou excitar-se à noite, para que a maior calma preceda o sono. Com uma vida regulada assim, pode-se prevenir todas as doenças, que se apresentam sempre sob a forma de indisposições, fáceis de combater com remédios simples e brandos... uma xícara de vinho quente para o enfraquecimento e o resfriado, alguns copos de hidromel! como purgativo, infusão de borragem e leite para a gripe, muita paciência e alegria farão o resto".
Muitas vezes foi acusado de não entender, ou mesmo "distorcer" a Tradição Mística do Ocidente.
Que outro atire a primeira pedra... Esta tão propalada "tradição", além de fragmentária por razões óbvias, é terrivelmente confusa.
Lévi certamente foi uma pessoa crédula, ou não levaria grimórios medievais tão a sério. Afinal, os tempos eram outros... Aliás, Lévi foi acusado também de selecionár os ditos grimórios de acordo com suas próprias conveniências e já com algumas, digamos, "correções basicas" de sua própria lavra...
Suas descrições dos rituais e procedimentos para invocar demônios são hilariantes, mas se até hoje existe gente que os toma ao pé da letra, como culpá-lo?

fonte:http://bruxariaemagia.sites.uol.com.br/magia_bruxaria_eliphas4.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário